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sábado

Apesar das chuvas, reservatórios continuam em situação crítica no RN

A chuva que caiu ontem (22) e hoje (23) sobre várias cidades do Rio Grande do Norte está longe de ser suficiente para reverter a situação crítica de estiagem enfrentada pelo
Estado. De acordo com o meteorologista Gilmar Bristot, da Empresa de Agropecuária do RN (Emparn), a previsão é que mais água caia no interior e na capital durante o fim de semana. Entretanto, as precipitações do mês ficarão abaixo da média.
A maior quantidade de chuva registrada na quarta-feira foi na região Seridó, uma das regiões do Estado com abastecimento de água em situação crítica. Jardim do Seridó teve 89 milímetros, segundo o posto local da Emparn. A razão da chuva foi a instabilidade da zona de convergência intertropical, que é a área próxima à linha do Equador, onde ventos dos hemisférios norte e sul se encontram. “A primeira quinzena do mês de abril ficou abaixo da média. Nós ainda vamos esperar o restante do mês para calcular a da segunda quinzena, mas acredito que ele ficará abaixo da média”, revelou o meteorologista.
O secretário estadual de Recursos Hídricos, Mairton França, confirma que as precipitações são insuficientes. “Nós precisamos que caia muita chuva na bacia dos reservatórios. Estamos muito preocupados com as cidades do Seridó, como estamos com todas, mas principalmente com as cidades grandes, onde há maior massa de pessoas”, colocou. O Governo do Estado, diz ele, tem se empenhado no plano diretor de gestão hídrica.
Como medidas emergenciais, o Estado vem trabalhando na implantação de poços no interior do Estado. A ideia é de que cerca de 400 sejam perfurados até o próximo ano. “É preciso ir cada vez mais profundo. Em alguns casos, a água não é encontrada. Já estamos no quarto ano de seca e o lençol freático também reflete a falta de chuva”, disse. Máquinas estão atualmente perfurando poços em Caicó, Tangará e Pau dos Ferros. A que está na última vai seguir para Alexandria, onde deve perfurar cerca de 30 poços. Em Pau dos Ferros, três tentativas de perfuração não apresentaram água suficiente. O açude do município conta atualmente com 0,88% de sua capacidade, uma das situações mais críticas no Estado.
O governo aguarda R$ 470 mil a serem liberados pelo Governo Federal, através de convênio firmado ainda no ano passado, que serão usados para este fim. “É pouco para a nossa realidade, mas diante da situação, já é uma ajuda”, argumentou o secretário. Ele ainda conta que na última gestão a pasta não adquiriu qualquer equipamento para a instalação de poços. Cada um deles pode custar até R$ 30 mil aos cofres públicos.
França considera, no entanto, que o planejamento é essencial e que as obras de grande porte, como a construção da barragem de Oiticica, fazem parte do futuro no combate à seca. No entanto, ele também avalia que essas obras foram prejudicadas pelo reajuste fiscal do Governo Federal. Ele considera que se a transposição das águas do Rio São Francisco já tivesse chegado, Pau dos Ferros e oito cidades da região do Alto Oeste já seriam beneficiadas. Três desses municípios estão em colapso no abastecimento de água. A expectativa foi adiada por um ano e agora é esperado entre 2016 e 2017. Já a barragem de oiticica, ainda precisa de mais que os R$ 54 milhões previstos no orçamento publicado no Diário Oficial da União. “A seca não é momentânea. Ela é estrutural, acontece a cada quatro anos. Mas até hoje só se combate a seca quando ela chega, não há planejamento para lidar com ela”, pontuou.
Atualmente, 11 cidades potiguares estão em colapso no abastecimento de água. São elas: Antônio Martins, Carnaúba dos Dantas, Doutor Severiano, João Dias, Luís Gomes, Paraná, Pilões, Riacho de Santana, São Miguel, Tenente Ananias e Rafael Fernandes. Com exceção de Carnaúba dos Dantas, que é ligada à regional da Companhia de Águas e Esgotos (Caern) em Caicó, todas as outras são ligadas à regional de Pau dos Ferros.
Acari, Bodó, Caicó, Cerro Corá, Currais Novos, Equador, Florânia, Lagoa Nova e Pau dos Ferros estão em rodízio.

Reservatórios
O açude gargalheiras, de acordo com o secretário, está no volume morto, com 2,36% de capacidade. Os açudes que fazem parte do Comitê Piranhas Açu continuaram reduzindo a quantidade de água do ano passado para cá. Até mesmo o Curema, localizado na Paraíba, e que poderia ser uma alternativa para o abastecimento de Caicó, está apenas com 21,01% da capacidade ou 206,07 hectômetros cúbicos. Ano passado, no mesmo mês, havia 34,83% da capacidade. O Itans não chega a 9% e tem menos da metade do que apresentava no ano passado. A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, caiu de 40% para 30% entre 2014 e 2015.

Agropecuária continua com perdas
Entre 40% e 50% do rebanho potiguar morreu ao longo dos quatro anos de crise hídrica no Rio Grande do Norte, de acordo com José Vieira, presidente da Federação de Agricultura (Faern). O estado tinha quase um milhão de cabeças de gado antes deste período. Presidente da Comissão do Nordeste da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Vieira também participou de reunião com o ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Queremos que o governo dê as mesmas condições do Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) para os agricultores de médio porte do Nordeste; a implantação do SUS da defesa sanitária, ou seja, a garantia de recursos federais para essa área mensalmente, como ocorre nos municípios com a Saúde. Além disso, pedimos a implementação de gatilhos, ou ações de segurança que sejam imediatamente iniciadas quando tiver decreto de calamidade. O agricultor não precisa pedir milho. Ele tem que vir. A perfuração de poços tem que começar logo”, argumentou. De acordo com ele, todos os estados da região apoiaram esses e outros pontos de pauta.
Vieira considerou que a situação é muito grave e que o governo tem tentado minimizar a situação, com construção de adutoras, barragens subterrâneas, construção de poços. Porém, avalia, ainda é preciso chegar milho para o agricultor, através da Conab. “O custo da produção de leite está muito alto, o da agricultura também. A produção de castanha esta muito baixa, fábricas de beneficiamento até já fecharam, assim como a produção de mel, em que as abelhas deixaram as colméias. Até a agricultura irrigada já foi atingida, porque os poços baixaram”, coloca.

Fonte: Portal JH

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