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quarta-feira

Suspeito detalhou chacina na Espanha para amigo pelo WhatsApp

Patrick detalha o crime para o amigo Marvin na conversa, enquanto esperava o tio chegar na casa (Foto: Reprodução/Polícia Civil da Paraíba)'Abrir alguém no meio dá trabalho', disse Patrick por mensagem.
Conversa no WhatsApp entre Patrick e Marvin consta no processo judicial.
Novos detalhes da conversa via WhatsApp entre François Patrick Gouveia e Marvin Henriques Correia, suspeitos de participação na chacina da família brasileira em Pioz, na Espanha, revelam o desprezo de Patrick pelas vítimas. Em um dos trechos, após esquartejar Janaína Américo e as duas crianças de 1 e 3 anos, Patrick comenta com Marvin - amigo que teria "dado dicas" ao assassino -, que “para abrir alguém no meio dá trabalho demais”. Ao que Marvin responde "eu imagino, deve ser duro". 
O jovem confessou o crime à polícia espanhola. Depois ele também matou o marido de Janaína, Marcos Campos Nogueira.
A conversa entre os dois acusados registrada pela polícia espanhola entre as 15h55 do dia 17 de agosto até as 6h57 do dia 18 do mesmo mês, ambos horários da Espanha, consta tanto no processo judicial que tramita no Brasil, referente à atuação de Marvin Henriques como partícipe, quanto no processo na Espanha contra Patrick Gouveia, assassino confesso. O G1 teve acesso aos registros entre a morte da terceira vítima até a morte do quarto integrante da família , o tio de Patrick.
O assassino confesso brinca com o amigo sobre a morte do tio, Marcos Campos Nogueira (Foto: Reprodução/Polícia Civil da Paraíba)
No conteúdo, Patrick relata com detalhes como matou a tia e dois primos. Marvin pergunta qual das três vítimas ele matou primeiro e Patrick responde que “na mulher, depois a mais velha [a prima de três anos] e depois no moleque de um ano”.
Com frieza, Patrick Gouveia conta que cortou a garganta de Janaína e que seus primos ficaram gritando nesse momento. “As crianças ficaram gritando. Massa que os pirralhos nem correm, só ficam ‘travadão’. O pirralho de um ano falava algumas coisas, mas na hora falava nada, não”, detalhou Patrick.
Durante a conversa, Marvin se mostra compreensivo com o amigo e chega a dar dicas, como o fato de Patrick tentar enterrar os corpos e na forma de abandonar o casa onde a família foi assassinada. “Sai pela frente mesmo, de manhã, como se fosse caminhar ou algo do tipo. Sei lá. De madrugada pode parecer suspeito. Mas eles não vão descobrir nem tão cedo as mortes”, comentou Marvin.
De João Pessoa, por meio do aplicativo de mensagens, Marvin alerta Patrick em não deixar rastros na cena do crime. “Ajeita essas luvas direito. Deixa eu ver aqui o que mais [tem a ser feito]. Tem alguma coisa por aí? Ou alguma coisa que ligue a você?”, após a resposta negativa de Patrick, o amigo acusado de participação no crime de Marcos Campos Nogueira responde.
“Beleza. Então está tranquilo, mas tem que ficar pensando minuciosamente, para não dar merda”, conclui Marvin. Em um outro momento, enquanto espera o Marcos retornar do trabalho, após matar a tia e os primos, esquartejá-los e limpar o local dos assassinatos, Patrick comenta que achou que fosse vomitar, mas que não sentiu nojo e chegou até a rir no início do esquartejamento e, por fim, a ter raiva pelo esforço de esquartejar as vítimas.
O assassino confesso explica que precisou cortar os corpos ao meio e separar os órgãos em outras sacolas. Por fim, após isolar em sacos plásticos, isolou as partes com fita adesiva, para que o odor demorasse a espalhar. “A mulher e as duas crianças foram para o saco. Estão guardados e a casa está limpa, me limpei. Estou só esperando o quarto integrante”, comentou Patrick a Marvin.

Psicopatia
Na conversa dos dois, Patrick chegar a questionar se é de fato psicopata. “Eu acho que não sou psicopata, não. Apenas não ligo para as coisas”. Em um outro momento, Patrick brinca com Marvin, criando hipóteses de como o amigo reagiria se estivesse no lugar dele. “Eu fico me perguntando como tu reagiria, o que tu ia dizer, fazer e depois dar uma gaitada”. Marvin responde que iria rir e Patrick complementa “tu deve ser doente feito eu mesmo”.
No dia 12 de dezembro psiquiatras espanhóis concluíram que Patrick Gouveia é um psicopata, que não demonstra remorso nem compaixão com suas vítimas. O laudo pericial acrescentado do processo judicial que tramita na Espanha ainda evidenciou que o autor confesso da chacina como uma pessoa consciente do que faz, muito inteligente e com total carência de sentimentos.

Ficção e realidade
A troca de mensagens entre os dois acusados chega em alguns momentos a relacionar as mortes das três primeiras vítimas com séries e jogos, um universo comum entre os dois jovens. Sobre o fato de ter usado uma faca para matar a tia e os primos, Patrick brinca afirmando que “só matava com faquinha no Call of Duty”. E em dois outros instantes, o acusado de executar a família brasileira comenta que costumava assistir a uma série onde o protagonista, um assassino em série, se sentia mais calmo quando matava. “Sabe, eu assistia Dexter (sic). O bicho matava, aí sentia um tesão e ficava todo tranquilo. Relaxava tipo uma semana”, comentou.

Fonte: G1

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