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segunda-feira

Educação na mídia

Professoras e alunos na biblioteca da Escola Estadual Hegésippo Reis
Foto: Marcelo Barroso - Professora e alunos na biblioteca da Escola Estadual Hegésippo Reis

Por: Cláudia Santa Rosa

Os últimos dias têm sido de explicitação das mazelas da Educação do Rio Grande do Norte e do Brasil para o mundo. As redes sociais foram determinantes para chamar a atenção dos principais veículos de comunicação locais e nacionais para o discurso da profa. Amanda Gurgel ( Clique Aqui e veja o vídeo ), proferido durante audiência pública na Assembleia Legislativa do RN, no última dia 10 de abril.
Neste momento, há quem trabalhe para desconstruir o discurso da professora, colocando em tela o fato de Amanda ter passado pouco tempo em sala de aula, como se os fatos destacados por ela não fossem verdadeiros.
Apesar de aplaudir a excelente retórica e eloquência da professora, penso que Amanda Gurgel e os seus projetos não são o mais importante e sim o que disse Amanda Gurgel, que permite refletirmos sobre uma porção de mazelas antigas da nossa Educação, independentemente do histórico dela no magistério.
A partir de agora o debate tem tomado um rumo que requer aprofundamento. Para dizerem que Amanda “derrapou” ao passar a ideia que estava em sala de aula, desavisados reforçam a ideia de que quem atua em Bibliotecas, laboratórios de Informática e de Ciências, entre outros espaços educativos não são professores. Permitam-me dizer que trata-se de uma visão equivocada. Esses espaços precisam ser assumidos atrelados a projetos pedagógicos que requerem o exercício da docência, salvo se forem assumidos em contextos que aceitam “professores” que vegetam na profissão. O RN há décadas não realiza concurso público para outras funções que a Escola precisa para poder funcionar, além de técnicos para os órgãos intermediários (Diretorias Regionais de Educação) e central (prédio da SEEC) da gestão da Educação. A Secretaria de Educação sequer tem clareza de qual seria o corpo técnico necessário para atuar em seus órgãos e também nas escolas e, por isso mesmo, alimenta ano após ano um exército atrás de bereau, além dos cedidos a outros órgãos e a outros poderes.
Indago: o que falta o governo promover uma reforma no seu quadro de servidores, realizando reenquadramento de funções para deixar, por exemplo, na  folha de pagamento da Educação somente os que se identificam com a Escola?
A Lei da “Gestão Democrática”, sancionada com bastante festa pela então Governadora Wilma de Faria, abriu para professores, se eleitos,  assumirem direção, vice-direção e coordenação pedagógica das escolas, além das escolas de 1º ao 5º ano que a Lei respalda até mesmo prof. com nível médio para assumir coordenação pedagógica. É perigoso, pois, colocar todos num mesmo saco e definir a situação de todos os que não estão em sala de aula como estando em desvio de função. Chega a ser simplório esse tipo de raciocínio. Diria que, em termos estão em desvio de função. Certamente as escolas estariam paralisadas se professores não estivessem assumindo outros postos, igualmente relevantes.
Bem que o Governo poderia apurar quantos e quais estão fora das escolas e/ou em atividades puramente burocráticas. Isso sim!  É chegada a hora de pensarmos que não são somente os nossos filhos que merecem escola com Biblioteca, Laboratórios de Informática e de Ciências, oficinas de artes… com bons professores atuando nesses espaços, não é mesmo?
Escola com professor somente em sala de aula convencional não atende mais para as necessidades de formação integral do tempo atual. A maioria também merece escola de qualidade, merece escola com os mesmos recursos pedagógicos que buscamos para a escola dos nossos filhos, sobrinhos, netos.

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