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quarta-feira

Entenda os sintomas da doença ‘mão-pé-boca’

Pediatra explica que doença é extremamente transmissível e provoca lesões exatamente nas mãos, pés e boca. Maioria de casos é em crianças abaixo dos 5 anos, mas pode acometer adultos.
Uma doença que se caracteriza, principalmente, por lesões nas mãos, nos pés e e na boca e que afeta sobretudo crianças tem chamado a atenção de pais neste segundo semestre do ano em Natal e em cidades da Região Metropolitana.
Exatamente por conta dessas feridas, a doença, ou síndrome, é chamada de "mão-pé-boca" e se dá através do vírus Coxsackie.
A doença não é nova, já é frequente há anos, e praticamente ocorre durante todas estações do ano no Brasil, mas com mais casos no verão e outono. A prevalência é em crianças abaixo de 5 anos.
Para entender melhor a enfermidade, o g1 consultou a médica pediatra Sabrinna Machado, do Instituto Santos Dumont (ISD), para explicar as formas de contaminação, sintomas e prevenção da mão-pé-boca, além de outras características da doença.

Sintomas
Os sintomas mais tradicionais, que indicam com facilidade o diagnóstico, são as lesões nas mãos, pés e boca.
"Mas pode trazer também vômitos e diarreia como sintomas, além desse acometimento da pele causando lesões, em geral bolhosas, e muito características. São lesões na palma das mãos e na planta dos pés, mas também pode acometer o corpo todo. Em especial a a região de nádegas e a região inguinal da criança", explicou a pediatra Sabrinna Machado.

Veja algumas dos principais sintomas:
lesões nas mãos, pés e bocas
febre
dor de garganta
vômito
náuseas
diarreia
lesão bucal (aftas)

"Por ser um enterovírus, ele acomete todo o trato digestivo da criança e na boca traz uma estomatite, que são aftas extremamente dolorosas para a criança", reforçou a médica.

Os sintomas duram até uma semana, explica a médica.
"A maioria dos casos dura de três a sete dias. E o vírus tem um período de incubação que vai de um dia a até sete dias, ou seja, a criança pode ter contato com outra pessoa com a doença e pode demorar até sete dias para aparecer esses sintomas".

Transmissão
A doença é extremamente contagiosa, segundo a pediatra.
"É uma doença viral altamente contagiosa. A gente precisa realmente isolar a criança que tem a doença, em especial na semana que está aparecendo esses sintomas", explicou.
A transmissão se dá pela saliva, de forma oral, e pelas fezes. A criança começa a transmitir dois dias antes e, mesmo após os sintomas desaparecerem, o infectado ainda pode transmitir o vírus.
"Duas ou três semanas depois que o paciente não tem nem afta mais, não tem nenhuma sintoma, ele continua transmitindo. Então é bem complicado, por isso que fica muito cíclico. Porque, mesmo sem sintoma, a criança continua transmitindo", explicou a médica Sabrinna.
Ela reforça que a transmissibilidade respiratória do vírus é maior na semana em que a criança está com os sintomas.

Complicações são raras
A médica pediatra do ISD explica que a mão-pé-boca é uma doença benigna, com complicações raras, mas que pode pode acarretar problemas neurológicos e cardiovasculares. "Mas essas complicações são raras e não vimos acontecer por aqui", reforça.
Apesar de um agravamento pela doença ser raro, dois outros pontos são alertados pela médica. O primeiro é a possibilidade de uma infecção secundária, por uma bactéria.
"Lesões de pele podem fazer uma infecção secundária. É importante o acompanhamento, esse olhar da equipe de saúde para essa criança, já que essas lesões podem virar úlcera e são elas que a gente tem que tomar cuidado também para não infectar", explicou.
"Então a criança com essas lesões de pele têm que manter a unha bem cortada, higienizar as mãos com frequência pra evitar esse essa infecção secundária desse local. Para não ter que entrar no antibiótico. A lesão causada pela doença, quando vira úlcera, se a criança coça, leva uma bactéria para ali e pode causar um outro quadro".
A maior causa das internações, no entanto, é por desidratação, derivada das aftas que dificultam a alimentação.
"A criança não consegue comer e nem ingerir líquido, então acaba se desidratando. A maior parte das das internações é porque a criança está desidratada. Precisa internar para fazer essa hidratação. E aí a criança fica com aquela hipersalivação também, já que não consegue engolir, porque é extremamente dolorosa essa afta", explica a pediatra.
"Eu sempre brinco com as mães, que é uma das doenças benignas mais malignas que tem, porque você vê que a criança quer beber a água, quer tomar um suco e não consegue ingerir pela dor".
A médica explica que, no geral, a mão-pé-boca na maioria das vezes "do jeito que vem, vai embora".

Dicas de alimentação e hidratação
Entre as dicas para o período com a doença, a médica diz que é preciso oferecer principalmente comidas mais geladas para que a criança se hidrate.
"Quando a criança está com a doença, ela não consegue comer muito. Então, sempre oferecer alimentos mais pastosos e mais gelados também. Às vezes, os pais têm medo de trazer o gelado por conta da febre, mas nesse período a gente recomenda, porque a criança acaba dando uma anestesiada anti-inflamatória, como a gente fala", explica.
"Oferece uma água gelada, suco gelado, sorvetes, gelatinas... Às vezes é o que a criança consegue comer. Um purezinho gelado, um um franguinho desfiado sem ser morno. É não oferecer nada que que possa machucar, nada muito ácido e nem muito áspero pra criança. Por exemplo: vai dar o pão, vai o miolo do pão, não vai a crosta".
Após o período das lesões, a médica também explica que é importante cuidar da pele das crianças. "Ter o cuidado de hidratar a pele e também cuidado quanto à exposição solar. Usar protetor para não ficar com as manchinhas na pele".
"Às vezes ficam muitas complicações dermatológicas, como a unha que fica descamando, muito quebradiça. Fica uma descamação também nas mãos, tem que hidratar. Então, a criança fica com uma sequela pro próximo mês, às vezes até dois meses para recuperação".

Cuidados e prevenção
O cuidador deve sempre lavar as mãos antes e depois de lidar com a criança doente, ou de levá-la ao banheiro.
É recomendado evitar o contato muito próximo com o paciente (como abraçar e beijar); cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir; manter um nível adequado de higienização da casa, das creches e das escolas; não compartilhar mamadeiras, talheres ou copos e afastar as pessoas doentes da escola ou do trabalho até o desaparecimento dos sintomas.
Além disso, lavar superfícies, objetos e brinquedos que possam entrar em contato com secreções e fezes dos indivíduos doentes com água e sabão e, após, desinfetar com solução de água sanitária diluída em água pura (1 colher de sopa de água sanitária diluída em 4 copos de água limpa) e descartar adequadamente as fraldas e os lenços de limpeza em latas de lixo fechadas.
"Tem que tomar bastante cuidado com as fezes da criança. Se essa criança não se higieniza sozinha, o cuidador tem que higienizar as mãos antes de de fazer a higiene da criança e após fazer a higiene. Tem que ter muito cuidado com a fralda e com lenço umedecido, no descarte. E se a criança se higieniza sozinha, ela deve orientada a fazer essa higienização da mão logo após usar o banheiro", explicou a médica.

A criança pode se infectar por mais de uma vez com o vírus.
"É importante que se higienize os brinquedos da criança, porque se não vai ficar perpetuando, se autoinfectando sempre. Então, é importante esse cuidado com os objetos. E pode se contaminar também com objetos contaminados com secreção e saliva, ou alimentos contaminados. Também por isso também a importância de higienizar as frutas e verduras".

Adultos
A doença é mais comum em crianças abaixo de cinco anos de idade, segundo pediatra Sabrinna Machado. "Acomete mais as crianças, em geral menores de cinco anos, até porque é uma fase em que a criança está muito naquela fase oral, em que tudo que pega leva para a boca".
Mas ela também atinge adultos. Neste ano, a médica do ISD diz que notou uma maior contaminação também em adultos.
"Tanto no serviço público quanto no privado, a gente está vendo um aumento dos casos de doenças e eu vi alguns casos também em adultos, nos familiares. Coisas que eu não via tanto antes", pontuou.
"Eu acho que talvez seja um vírus mais contagioso, não sei é uma cepa um pouco mais contagiosa. Isso acontece. A varicela mesmo, às vezes tem alguns anos que vem uma cepa mais contagiosa e no outro ano vem com uma menos contagiosa".

Aumento de casos
A pediatra considera que houve um aumento de casos na capital potiguar neste segundo semestre. "Eu acho que houve um um aumento, sim, no número de casos de julho pra cá. Teve um aumento importantíssimo de um número de casos, com uma queda em setembro", pontuou.
Ela reforça que a mão-pé-boca é uma doença comum há anos no consultório médico, mas que pode ter ganho mais destaque nos últimos meses por conta de sintomas até semelhantes com a Covid, como é a febre, que a fez ser mais diagnosticada.
"É uma doença que sempre teve surtos em escolas. É o dia-a-dia do pediatra. Mas agora, com as redes sociais, está tudo muito mais aflorado e tem também a questão que na pandemia, a criança tem toda essa questão de qualquer sintoma não poder ir para escola, como quando tem febre. Então, acabam falando mais da doença", falou.

Fonte: G1

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