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terça-feira

Produtos de cabelo levam mais de 100 pessoas para emergências oftalmológicas após prévias carnavalescas

Um total de 68 pessoas foram atendidas na Fundação Altino Ventura (FAV), única emergência oftalmológica pública do Recife, entre o domingo (5) e esta segunda-feira (6). Os pacientes procuraram a unidade com problemas na visão após terem os olhos atingidos por produtos capilares, durante as prévias de carnaval do Recife e de Olinda.
Nas unidades particulares Hope e Hospital de Olhos Santa Luzia, que são do mesmo grupo, foram cerca de 80 pessoas atendidas no final de semana. De acordo com a assessoria de imprensa, o número representa quase 40% dos atendimentos realizados no período.
De acordo com a FAV, os homens e mulheres que foram atendidos usaram pomadas de diversas marcas. Entre os sintomas que eles apresentaram, estavam os seguintes: vermelhidão, dor intensa, dificuldade para abrir os olhos, visão embaçada, ardor e sensação de corpo estranho.
A servidora pública Eduarda Casanova foi uma das vítimas dos produtos. Ao g1, ela contou que costuma fazer tranças apenas durante o período de carnaval, mas que nunca tinha acontecido algo parecido antes. Ela estava em uma prévia no sábado, em Olinda, quando começou a chover.
"Quando choveu, eu senti o produto usado na trança escorrer pelo meu rosto e cair nos meus olhos. Eu senti um ardor e lavei na mesma hora. Consegui tirar boa parte do produto. À noite, por volta das 22h, eu fiquei com a visão nebulosa e depois fiquei sem enxergar nada", disse.
Eduarda ficou sem a visão durante toda a madrugada do domingo e decidiu procurar um hospital particular antes das 6h. Segundo ela, o médico que a atendeu diagnosticou que o produto causou uma inflamação nas córneas.
"Minha visão voltou no fim da manhã, depois que o médico aplicou um colírio. Agora, preciso ficar por uns dias com um tampão no olho. Cada dia eu coloco o tampão em um olho para descansar, fico revezando, do jeito que o médico recomendou. Estou afastada do trabalho, mas agora estou bem", afirmou.
A dona de casa Mayara Santana também passou pela mesma situação durante uma prévia no sábado. Ela disse que comprou uma pomada capilar em uma loja de cosméticos e usou o produto por conta própria.
"Usei a pomada para fazer tranças no cabelo. Por volta das 17h, começou a chover e eu senti um incômodo intenso, uma ardência muito grande nos olhos. Foi quando eu procurei o atendimento médico que tinha no local da prévia. Fizeram a remoção da minha maquiagem e lavaram meus olhos com soro", disse.
Depois de receber atendimento, Mayara disse que o incômodo havia diminuído. "Já na madrugada do domingo choveu outra vez e eu voltei a sentir o incômodo. Decidi ir a um hospital porque já não enxergava mais nada", contou.
No hospital particular, Mayara informou que foi diagnosticada com uma queimadura na retina. Ao g1, ela disse que a visão dela voltou cerca de 12 horas depois. "Na urgência, tinham outras cinco meninas na mesma situação que eu. Ninguém sabia do risco dessas pomadas", declarou.
O g1 procurou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para saber o número total de pacientes atendidos e aguarda retorno.

Oftalmologista faz alerta
O vice-diretor médico administrativo da FAV e oftalmologista Kayo Espósito alertou que o uso das pomadas capilares deve ser suspenso. Ao g1, ele contou que o número de casos de pessoas com inflamação nas córneas devido ao uso dos produtos aumentou neste período de prévias carnavalescas.
"São várias lesões diferentes que podem acontecer, mas a maioria é de inflamação nas córneas. A maior parte dos pacientes se recupera, mas caso haja um comprometimento muito grande das córneas, as pessoas podem chegar a precisar de transplante", informou.
O médico ainda disse que caso caia algum tipo de produto capilar diretamente nos olhos, a pessoa deve lavar imediatamente e depois procurar um serviço de emergência para ser medicada.
Nos dias 23 e 24 de janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou medidas de fiscalização em torno das pomadas capilares utilizadas em tranças, com o recolhimento e proibição de comercialização de alguns desses produtos.

Fonte: G1

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