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quinta-feira

Quem é o ex-policial militar da PB suspeito de chefiar esquema de fraudes em concursos público

Pelo menos outras quatro pessoas da família do ex-policial foram beneficiadas e integravam o esquema criminoso. Ele foi alvo de mandado de prisão no último dia 2 de outubro.
O ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa é apontado como um dos chefes do esquema de fraude em concursos públicos, incluindo o Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024. Pelo menos outras quatro pessoas de sua família são suspeitas de terem se beneficiado e de integrar a organização criminosa.
No último dia 2 de outubro, a Polícia Federal deflagrou uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão e desarticular o grupo criminoso na Paraíba, Pernambuco e Alagoas. O ex-policial foi alvo de um mandado de prisão preventiva, que foi cumprido dentro de um hospital em Campina Grande.
Wanderlan nasceu em Patos, no Sertão da Paraíba, e tem 44 anos. Ele é apontado como líder da quadrilha e tem uma ficha criminal extensa — que inclui homicídio, peculato (roubo ou desvio de dinheiro ou bens públicos), concussão (quando um funcionário público exige dinheiro ou vantagem indevida, usando a autoridade do cargo), roubo majorado (com agravantes), abuso de autoridade e uso de documento falso.
Ainda segundo a PF, Wanderlan teria se inscrito no CNU apenas para provar aos “clientes” que o sistema de fraude era eficiente. E conseguiu: foi aprovado para o cargo de auditor fiscal do trabalho, que tem o maior salário inicial, de R$ 22,9 mil. Após o resultado, não compareceu ao curso de formação.
Wanderlan foi expulso da Polícia Militar da Paraíba em 2021. No ano anterior, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba manteve a condenação de seis anos de prisão pelo crime de tortura, além da perda do cargo público.
A condenação ocorreu porque ele agrediu um adolescente com tapas e socos para forçar uma confissão de roubo, crime que, no dia seguinte, foi comprovado não ter ocorrido. O ex-policial ainda voltou a agredir a vítima dentro de uma viatura.
Depois da expulsão, ele chegou a prestar concurso na Previdência Social, tendo sido aprovado como técnico do Seguro Social. A PF não identificou a participação de Wanderlan em nenhum concurso em 2023, mas indicou que ele voltou a fazer provas em 2024, prestando para o concurso do Banco do Brasil e do próprio CNU.
Conforme o relatório da PF, para manter o esquema ativo, Wanderlan contava com o apoio de familiares: os irmãos Valmir Limeira de Sousa e Antônio Limeira das Neves, a cunhada Geórgia de Oliveira Neves e a sobrinha Larissa de Oliveira Neves ocupavam funções distintas dentro da estrutura.
Larissa, por exemplo, também foi aprovada no CNU e, segundo os investigadores, era usada como "vitrine" para atrair novos interessados. Já Wanderlan, ao ser aprovado em vários concursos, reforçava a ideia de que o método era infalível.

Gabaritos idênticos
Uma das evidências mais fortes reunidas pela PF está na análise dos gabaritos do CNU 2024, organizado pela Fundação Cesgranrio. Quatro candidatos, Wanderlan, Valmir, Larissa e Ariosvaldo, apresentaram respostas idênticas, inclusive nos erros, apesar de terem feito provas de tipos diferentes.
O laudo técnico aponta que a probabilidade de que tal padrão ocorra por acaso equivale à chance de ganhar o prêmio máximo da Mega-Sena aproximadamente 18 a 19 vezes consecutivas.
Segundo o inquérito, o grupo usava pontos eletrônicos, mensagens codificadas e comunicação externa para repassar as respostas durante o exame. Em alguns casos, profissionais da saúde auxiliavam na instalação dos dispositivos.
Até o momento do deferimento das medidas cautelares, nenhum dos principais investigados por fraude CNU havia tomado posse . A PF e o Ministério Público Federal atuaram preventivamente, solicitando prisão preventiva, busca e apreensão e impedimento de posse ou afastamento cautelar.
A PF identificou, ainda, movimentações financeiras incompatíveis com a renda dos suspeitos. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), por exemplo, revelou que Geórgia Neves depositou R$ 419,6 mil em espécie, mesmo sem vínculo empregatício desde 1998.
O grupo também teria recorrido à compra e venda fictícia de imóveis, feito o uso de “laranjas” e negociações de veículos para mascarar o pagamento de propinas.

Fonte:G1 - PB

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