Na manhã desta quarta-feira (12), a Polícia Civil iniciou a 'Operação Strike', com objetivo de combater as ações de grupos criminosos que vêm atacando empresas provedoras de internet no Ceará. Membros de facção cobram 'taxa de empresas' de internet para autorizar o serviço no estado.
Dez pessoas foram presas na manhã desta quarta-feira (12) por envolvimento em ataques a empresas de internet no Ceará. A Polícia Civil iniciou a “Operação Strike”, com objetivo de combater as ações de grupos criminosos que vêm atacando esses locais. Desde fevereiro, foram pelo menos oito ataques nas cidades de Fortaleza, Caucaia, Caridade e São Gonçalo do Amarante.
Até 6h30 de hoje (12), dez mandados de prisão foram cumpridos e três armas de fogo foram apreendidas.
São cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão em Fortaleza e em outros municípios do Ceará. A operação é contra membros de facção que exigem uma "taxa" de empresas provedoras de internet para autorizar a oferta do serviço. Empresas que recusam o pagamento são alvo de represália, como incêndio a veículo, destruição de cabos e tiros disparados na fachada.
Os provedores de internet no Ceará estão suspendendo as atividades em algumas regiões dapós ataques promovidos por uma facção criminosa
Trabalhadores do setor se dizem preocupados e temem o atual cenário. Nesta terça-feira (11), a Acnet, uma das empresas provedoras, comunicou a suspensão temporária das visitas técnicas devido ao ataque sofrido na noite de segunda-feira (10). Criminosos dispararam contra a fachada do estabelecimento, localizado no bairro Itambé, em Caucaia.
A Brisanet, provedora que atua em mais de 200 cidades do Nordeste, também sofreu ataques. Na terça-feira (11), criminosos arremessaram pedras contra um veículo da provedora no bairro Capuan, em Caucaia. No dia 6 de março, outro carro foi incendiado por um grupo criminoso no Conjunto Metropolitano, também em Caucaia.
A empresa declarou que os ataques afetam a "continuidade dos serviços prestados aos clientes" e que está adotando protocolos de segurança para proteger seus colaboradores e seus equipamentos. Os detalhes operacionais não foram divulgados por questões estratégicas da Brisanet.
Em Caridade, as empresas do setor paralisaram as atividades e suspenderam a internet de todo o município à meia-noite de terça-feira (11), como forma de protesto, após ataques registrados no município. Não há previsão para o retorno das atividades.
A Secretaria da Segurança Pública informou que está investigando a atuação de grupos criminosos contra as empresas provedoras de internet no Estado. No último sábado, o Governo do Ceará instalou um grupo especial para investigar os atos criminosos.
Prejuízo de R$ 1 milhão
Os ataques criminosos aumentaram os custos de operação, segundo as empresas de internet. O prejuízo já ultrapassa R$ 1 milhão em todo o estado, revelou uma fonte do setor, que preferiu não ser identificada para evitar retaliações.
Em Caridade, por exemplo, as caixas e cabos de internet foram arrancadas na última sexta-feira (7), deixando 90% dos moradores sem conexão. Uma outra fonte ligada ao setor estima que as prestadoras da região terão um prejuízo de pelo menos R$ 500 mil, considerando gastos com materiais, mão de obra e cancelamentos de clientes.
Ameaças a prestadores
Conforme o relato de um trabalhador da área, os prestadores de internet são abordados pelos grupos criminosos durante as visitas técnicas e recebem uma série de ameaças.
"Eles abordam os técnicos que estão na rua fazendo reparos e dizem que só podem atender empresas que estão fazendo pagamentos mensais para a facção. Se negar, a empresa sofre represálias: tem carros queimados, os técnicos são roubados e as lojas são depredadas".
O g1 revelou no início de março que uma facção criminosa está exigindo de provedoras de internet uma taxa de 50% do valor dos serviços prestados aos clientes, como condição para autorizar a instalação de infraestrutura em comunidades do Ceará. A prática, que começou no bairro Pirambu, em Fortaleza, já se espalhou para outros municípios, como Caucaia, São Gonçalo do Amarante e Caridade.
Segundo uma apuração da TV Verdes Mares, o grupo exige das empresas o pagamento de metade do valor pago pelos clientes pelo serviço de instalação. Ou seja, se uma provedora cobra R$ 80 pelo serviço, ela deve repassar R$ 40 à facção como "taxa de permissão".
Cronologia dos ataques
11 de março: criminosos jogaram pedras contra um veículo da empresa Brisanet na cidade de Caucaia.
10 de março: a fachada da empresa Acnet, na cidade de Caucaia, foi alvo de vários tiros.
10 de março: membros de facção destruíram fiação de uma empresa de internet em Caucaia.
9 de março: um dia após o governador anunciar combate a esse tipo de crime, uma empresa foi atacada na madrugada no Bairro Sítios Novos, em Caucaia.
8 de março: o governador do Ceará, Elmano de Freitas, anuncia criação de grupo para combater a facção que ataca as provedoras de internet no estado.
7 de março: criminosos destruíram várias fiações de uma operadora na cidade de Caridade; 90% dos clientes do município ficaram sem internet.
6 de março: um carro de serviço da Brisanet foi completamente destruído pelas chamas no Conjunto Metropolitano, em Caucaia.
27 de fevereiro: no distrito do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, onde está localizado o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), criminosos invadiram e vandalizaram uma empresa.
22 de fevereiro: no Bairro Jacarecanga, em Fortaleza, dois veículos da empresa Brisanet foram destruídos em incêndio.
Fonte: G1
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