O Tribunal do Júri Popular, da Comarca de Apodi-RN, condenou Raimunda Layla Morais Sales, de 36 anos, a 19 anos e 3 meses de prisão por ter, ao lado do namorado Raimundo da Costa Souza Junior, o Pikachu, instigado e prometido mil reais de compensação a Francisco Patrício de Freitas Filho, para matar o engenheiro Euriclides Goes Torres, crime este ocorrido após um arraiá junino na manhã do dia 23 de junho de 2019, no Centro do município de Apodi. (RELEMBRE).
Este julgamento foi protelado por vários anos na Justiça. Recorreram até a instâncias superiores.
Os outros dois acusados deste mesmo crime, Junior Pikachu e Patrício Junior já são condenados a penas, que se somadas, passa de 30 anos de prisão. Esta sentença do TJP de Apodi, inclusive, já transitou em julgado, e os dois estão cumprindo pena.
O início dos trabalhos estava previsto para 8h30, no Salão do Tribunal do Júri Popular, no Fórum Municipal de Apodi, porém a ré Raimunda Layla precisou de atendimento médico e o Samu foi acionado, sendo necessário atrasar o início em mais ou menos uma hora.
Com o retorno de Layla ao banco dos réus, com a presença da acusação e da defesa (advogados Sávio Oliveira e Rodrigo Carvalho, o juiz presidente dos trabalhos, Thiago Lins Coelho Fonteles, fez o sorteio dos sete jurados para compor o Conselho de Sentença. A imprensa não foi autorizada pelo juízo a acompanhar esta parte do julgamento.
Com a ré Raimunda Layla presente e o Conselho de Sentença em seus lugares, o juiz Thiago Fonteles autorizou à imprensa, a família da vítima e da ré a entrar no Salão do TJP.
Todos foram revistados na portaria pela polícia Militar, inclusive com uso de detector de metal.
A preocupação da Justiça era manter a ordem no Salão do Tribunal do Júri. Com as medidas e a presença da Polícia Militar, as duas famílias se comportaram durante o TJP.
A família da vítima havia confeccionado camisetas, mas como o juiz não permitiu, vestiram pelo avesso.
Arrolado como testemunha pelo Ministério Público Estadual, o coronel Costa e Silva relatou como efetuou a prisão de Patrício Junior, que foi o autor dos disparos que mataram Euriclides Torres e, por conta própria, ajudou a polícia a esclarecer os fatos.
Num primeiro depoimento, Patrício Junior disse que havia matado o engenheiro Euriclides por iniciativa própria, depois de levar um esbarrão da vítima.
Mas, depois de algum tempo na cela, decidiu chamar a investigadora da Policia Civil Izabel Abrigida, dizendo que não ia comer a bronca sozinho e que queria dá um novo depoimento.
Neste segundo depoimento, Patrício Junior disse que Layla e o namorado Junior Pikachu o haviam ofertado mil reais (ficou fiado) para matar o engenheiro Euriclides Goes, explicando que engenheiro tinha que morrer, porque havia dado cima de Layla batido na cara de Pikachu.
A promotora de Justiça Liv Severo, com apoio colega Fausto França e do advogado José Policarpo Dantas Neto, contratado pela família da vítima, defendeu que o depoimento do Patrício Junior, condenando Layla e Pikachu, era válido. Inclusive, os depoimentos do coronel Costa e Silva e da policial civil Izabel Abrígida, no Plenário, foram esclarecedores.
Já os advogados de defesa, Rodrigo Carvalho e Sávio Oliveira, defenderam que este depoimento não era válido, pois havia sido tomado mediante tortura. Insistiram na tese de que não fazia sentido as colocações do Ministério Público Estadual, que estavam alí para condenar por condenar.
O advogado Sávio Oliveira lembrou que outros júris que Liv Severo havia conseguido a condenação, o Tribunal de Justiça do Estado cancelou.
Ainda durante os debates, o promotor Fausto França, exibiu, aos jurados, um áudio da mãe de Layla Sales, dizendo que a filha não prestava.
Este áudio impactou fortemente nos presentes e certamente nos jurados. O assistente de acusação, Policarpo Dantas, enfatizou que Layla Sales foi pivô da morte de Euriclides e que, sem ela no cenário, o engenheiro estaria vivo.
Em votação dos quesitos em Sala Secreta, cinco mulheres e dois homens da sociedade de Apodi, decidiu pela condenação de Layla Sales nos termos proposto pelo Ministério Público Estadual, precisamente a 19 anos e 3 meses de prisão. Do fórum saiu direto para a prisão.
Os advogados Rodrigo Carvalho e Sávio Sales disseram que vão recorrer do resultado do júri, no prazo previsto de cinco dias, ao Tribunal de Justiça do Estado. Já o Ministério Público, entende que a sentença foi justa.
O advogado da família, Policarpo Junior, disse que “a sociedade de Apodi, finalmente, fez justiça a morte prematura de Euriclides”.
Fonte: Mossoró Hoje


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